Data: 03/09/2015
Horário: 11h [término: 12h45]
Local: Praça Raul Soares – Belo Horizonte/MG
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O rolezinho da vez foi “da belezura”!
Nos encontramos na Praça Raul Soares por alguns motivos: área urbana de BH com intenso fluxo de pessoas (precisamos e queremos ser vistos !); local com muita população de rua que achamos necessário interagir; local em que eu, Tásia, puxadora deste rolê havia sido alvo de agressão racista há menos de uma semana, quando três jovens ao cruzarem comigo na calçada gritaram: “você e todo preto de cabelo pixaim, tomador de vaga por cota, são uma desgraça e deveriam morrer”, entre outras coisas. Esta situação, uma agressão extremamente gratuita, me surpreendeu muito. Por fazer parte de uma geração que, acredito, ser transformadora de valores tão estúpidos, sempre me espanto quando alguém se mostra mais ignorante (vou usar esta palavra) do que eu podia imaginar. Ah! E como última justificativa, um local, que tivesse água! Mesmo que de uma fonte desativada…
Não devo esquecer das queridas Cacá Zech, Gabi Dominguez e Patrícia Santos que doaram maquiagens para este e outros rolês. Obrigado <3! Principalmente produtos para pele negra.
Com a maleta cheia, estendemos a canga e abrimos a roda. Aos poucos, os que ouviram o chamado foram chegando. Teve de tudo! Desde companheiro que tinha acabado de soltar o black pela primeira vez, fruto da semente plantada pela discussões e reflexões levantadas nos rolezinhos, a companheira que desde pequena se reconhece preta e desfila suas madeixas por ai. Teve fala de quem, por muito tempo, alisou o cabelo pra se sentir “arrumada” e sonhava em ter ele balançando quando o vento batia na cara, com a cabeça pro lado de fora do caro. Mas principalmente, teve relato de pessoas que, independente dos diferentes caminhos, compartilham de uma coisa: hoje se acham negrxs lindxs! E livres da torturante ditadura dos alisamentos, químicas e da estética excludente e branca de beleza.
O rolezinho ganhou também uma placa belíssima, com moldura e letras coloridas! Presente do Pablo, que também nos presenteou com um relato de uma experiência na UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais. Ele nos contou sobre o desconhecimento e alienação de outros negros sobre questões históricas, religiosas e sociais afro-brasileiras. Mesmo ocupando cargos de relevância nesta instituição de ensino acadêmico, não percebem que colaboram para a manutenção do racismo institucional…
Penso que é essencial nos munirmos de coragem e exaltar nossas belezas. Reconhecê-las. Fortalecer coletivos e aumentar a roda pra que a troca de repertório conscientize cada vez mais pessoas. Ao final, nem percebemos que o tempo voou e não pegamos nos pincéis de fato. Tínhamos o intuito de maquiar os transeuntes, mas a conversa sobre como nos sentimos conectados com nossa real beleza e o efeito que isso gera por onde transitamos foi bem fértil. Foi um estímulo pra pensarmos como transformar este rolê em proposta de figurino e maquiagem para o dia da cena curta.
Como você se sente belo depois de tudo já vivido, trocado… E é claro que o presente final foi a repentina irrigação da grama onde estávamos! Ainda bem que não tinha ninguém de escova… Como o solicitado, teve água!
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Propositora:
Tásia d’Paula
Integrantes:
Alexandre de Sena, Dan Costa, Danielle Anatólio, Elisa de Sena, Felipe Soares, Pablo Rodrigues, Rafael Santos, Sabrina Rauta, Sammer Iêgo Lemos e Tásia d’Paula.
Registro:
Paulo Oliveira / PROfotografia