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rolezinho #10

Paulo Oliveira / PROfotografia
Paulo Oliveira / PROfotografia
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Paulo Oliveira / PROfotografia

Data: 14/09/2015
Horário: 18h30h  [término: 21h30]
Local: Galpão Cine Horto – Belo Horizonte/MG

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O décimo ROLEZINHO aconteceu, no dia 14 de setembro, no Galpão Cine Horto. A motivação de fazer um rolê nesse espaço vem da disponibilidade que o Galpão Cine Horto oferece para todas as cenas participantes do Festival de Cenas Curtas, assim utilizamos o horário e o local disponíveis para realizar mais um rolezinho.

Estar neste espaço, que pode ser definido como pulsante para o teatro belorizontino e aberto para novas propostas – mas ainda com poucas caras/corpos negros transitando por ali – foi uma oportunidade de ocupar um local que está disponível ao diálogo e se importa com o que a gente tem a dizer. É bom e importante ter noção disso!

A proposta do rolê, puxado por mim e pela Aline, foi de resgatar os/as artistas negros e negras que fazem parte da nossa história, e que às vezes não os conhecemos direito. Assim, partimos do seguinte mote: um povo sem memória é um povo sem identidade. Logo, cada participante deveria apresentar um/uma artista, em primeira pessoa, ou seja, como se fosse esse próprio artista, e, ao final da apresentação, o restante da galera presente deveria, a partir das histórias e das pistas dadas, “adivinhar” quem era o/a artista em questão.

A primeira a se apresentar foi uma senhora extraordinária, mãe de todos e todas, que só aos 63 anos começou sua carreira profissional. Sambista de primeira categoria, Clementina de Jesus gravou corimás, jongos, cantos de trabalho, recuperando a memória afro-brasileira.

Logo depois, entrou em cena um cara que é bem próximo da gente, figura que se descobriu negro no fazer artístico e colocou toda essa negrura nos palcos e na sua atitude como cidadão. Fundou, junto com Rui Moreira, a Cia de dança Será Quê cujo interesse era pensar a cena a partir das referências estéticas e políticas da cultura negra e, daí, estabelecer um diálogo com a diversidade e a variedade de culturas existentes no Brasil. Entre tantas outras coisas que atualmente Gil Amâncio faz, quero destacar aqui o Núcleo Experimental de Arte Negra e Tecnologia- NEGA- que ele mantém em sua casa e está aberto para gente “ocupar-se” dele.

Nesse jogo de exposição dos nossos artistas negros, teve espaço para uma mulher negra, linda e gringa se apresentar. No meio das nossas falas memorialistas apareceu ela, que carrega em seu nome uma homenagem à padroeira do México, Nossa Senhora de Guadalupe. Ela fez um discurso sobre a beleza das mulheres negras e falou da sua insegurança quando era adolescente. Lupita Nyong´o disse que o seu ponto de vista, sobre mulheres negras, mudou quando ela viu a supermodel sudanesa Alek Wek se tornar um sucesso.

Por fim, outra mulher nos brindou com a sua trajetória de vida. Representante da academia – isso é importante dizer à medida que temos, sim, que ocupar vários espaços sociais e culturais- realizou 3 pós-doutorados, professora da UFMG, especialista e teórica do Teatro Negro, cunhou vários termos-conceitos importantes, usados mundialmente, para se pensar a estética (que não deixa de ser política) do fazer teatral de matriz africana. A tese de doutorado de Leda Maria Martins resultou em um livro importantíssimo, talvez o mais conhecido da autora, “A cena em sombras: expressões do teatro negro no Brasil e nos EUA”.

Pequeno recorte do que aconteceu nesse role que me deixou com mais vontade de “rolezar”. Essas apresentações afirmam e reforçam que tem muita coisa boa sendo pensada e produzida pelos nossos iguais. Temos que potencializar tais idéias e produções como um processo mesmo de nos potencializar.

Bora gritar pro mundo que a gente tem muitas heroínas e heróis. Axé!

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Propositoras:
Aline Vila Real e Soraya Martins

Integrantes:
Alexandre de Sena (Gil Amâncio), Aline Vila Real (Clementina de Jesus), Dayanne Gomes (nós todos), Elisa de Sena (Lupita Nyong’o), Paulo Oliveira (Fotógrafo das cenas), Rauta Rara (Rauta Rara, sua mãe e seu pai) e Soraya Martins (Leda Maria Martins)

Registro:
Paulo Oliveira / PROfotografia