Skip to Content

adinkra – exposição FAN 2023


Fotos: William Gomes

 

ADINKRA
O Simbolismo dos Adinkra 
Elisa Larkin Nascimento

 

Durante milênios, os povos soberanos da África tem sido agentes ativos do desenvolvimento da civilização humana em todo o mundo. Sua influência estendeu-se no mundo antigo à Ásia, à Europa e à América. Viveram apenas uma infima parte de seu tempo histórico amarrados aos grilhões da escravidão mercantil que os trouxe ás Americas, e, no tempo do cativeiro e da colonização, continuaram criando cultura e conhecimento. 

O ideograma Sankofa remete a missão e ao momento de recuperar a dignidade humana desses povos. Espalhados pelo mundo, africanos e seus descendentes se reconhecem herdeiros de uma civilização que engendrou a escrita, a astronomia, a matemática, a engenharia, a medicina, a filosofia e o teatro. O conhecimento e o desenvolvimento permeiam a história da África, em sistemas de escrita, avanços tecnológicos, Estados políticos organizados, tradições epistemológicas.

Uma dessas tradições é o adinkra, conjunto ideográfico estampado em tecido, esculpido em pesos de ouro, talhado em peças de madeira anunciadoras de soberania. Nele, o princípio Sankofa significa conhecer o passado para melhorar o presente e construir o futuro. 

Adinkra significa adeus, e as pessoas do grupo linguístico acã usam o tecido estampado com os adinkra em ocasiões fúnebres ou festivais de homenagem. São mais de 80 símbolos, destacados pelo conteúdo que trazem como ideogramas. Não só os desenhos do adinkra são estética e idiomaticamente tradicionais, como, mais importante, incorporam, preservam e transmitem aspectos da história, da filosofia, dos valores e das normas socioculturais desses povos de Gana.

De acordo com a história oral, o conjunto dos adinkra tem origem numa guerra que o rei dos assante – o Asantehene – Osei Bonsu moveu contra o rei Kofi Adinkra de Gyaman, hoje uma região da Costa do Marfim. O rei Adinkra teve a audácia de copiar o gwa, banco real do Asantehene e símbolo da soberania e do poder do Estado. Assim provocou a ira do Asantehene, que foi à luta. Vencida a guerra, os assante dominaram a arte dos adinkra, passando a ampliar o espaço geográfico onde impunham sua presença. Antes disso, eram patrimônio dos mallam e dos denkyira, povos da África Ocidental que desenvolveram a técnica no passado remoto.

Trata-se, então, de um antigo sistema africano de escrita. A importância desse fato é incomensurável porque a ciência etnocentrista europeia negou que a África tivesse uma história ao alegar que seus povos nunca criaram sistemas de escrita. Ledo engano, pois além dos hieróglifos egípcios, existem inúmeras escritas africanas antes da escrita árabe. 

A seguir, reproduzimos um recorte das imagens e os significados de símbolos adinkra apresentados por Elisa Larkin Nascimento e Luiz Carlos Gá, do Ipeafro, no livro “Adinkra, sabedoria em símbolos africanos”. Os organizadores do livro pesquisaram as imagens e os textos em várias fontes, principalmente os cartazes de E. Ablade Glover, do Centro Nacional de Cultura Kumasi, em Gana. O Ipeafro trabalha com os símbolos originais, cujas imagens costumam aparecer na internet de forma estilizada, imbuídas de uma estética europeizada.


Ficha Técnica 

Prefeitura de Belo Horizonte
Prefeito: Fuad Noman
Secretária de Cultura – SMC: Eliane Parreiras
Secretário Municipal Adjunto de Cultura – SMC: Gabriel Portela
Presidente da Fundação Municipal de Cultura – FMC: Luciana Rocha Féres
Diretora de Museus: Janaína Melo
Diretora da Política de Festivais: Marta Guerra
Diretoria da Política de Festivais: Allan Calisto, Regina Célia, Daniel Helvécio, Afonso Andrade, Mario Moraes, Ingrid Grazieli e Heloisa Macedo
Comissão Artística: Rosália Diogo, Vanessa Santos, Ana Paula Paulino e Isaura Paulino 
Curadoria de Artes Visuais: WANATTA

Instituto Lumiar
Coordenação Estratégica: Tina Vasconcelos
Coordenação de Produção: Isaura Paulino
Coordenação Artística: Ana Paula Paulino
Produção – Artes Visuais: Luiza Fonseca (Obirin Cultural)
Projeto expográfico: Débora Tavares e Denismar do Nascimento
Design da exposição: Alexandre de Sena