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Na atividade com Ruth e Zózimo

Foto: Paulo Oliveira / PROfotografia
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“Eu sou um homem”, são os dizeres em cartazes utilizados durante a greve dos trabalhadores do saneamento de Memphis (Tennessee/EUA). Era 28 de março de 1968 e Ernest Withers fez um dos mais importantes registros do Movimento dos Direitos Civis. Na época, a greve e tensões raciais eram altamente ligadas a desigualdades na remuneração, distribuição de trabalho e oportunidades de progresso. Quando dois negros morreram no trabalho e suas famílias receberam pouco apoio para as despesas dos funerais, os trabalhadores decidiram se manifestar. Organizações como o Comitê dos Estudantes, Comunidade em Movimento para a Igualdade e Os Invasores se reuniram com Martin Luther King para organizar esta marcha. Ernest, também residente de Memphis e integrante influente da comunidade preta, também ajudou a planejar e buscou no grito dos abolicionistas dos séculos 18 e 19 – “Não sou eu um homem e um irmão?” – a frase para os cartazes. Nesta marcha um jovem negro de 14 anos morreu assassinado e uma semana depois Luther King, também assassinado.
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Esta imagem foi o ponto de partida para a criação da performance “Na atividade com Ruth e Zózimo”.Recebi um convite para, junto com os companheiros do “Rolezinho”, intervir na abertura da Mostra Cine BH, no dia 20 de outubro de 2016. O local sugerido foi o passeio do Teatro Sesi Minas. Nos pareceu oportuno trazer para nossos corpos aquela imagem, para aquele espaço e também homenagear estes dois grandes artistas negros da história do cinema nacional: Ruth de Souza e Zózimo Bulbul.

Para a primeira parte, na calçada, do lado de fora, decidimos criar uma variedade de frases. Umas irônicas e outras referenciais. Palavras/manifestos que deflagram práticas racistas da produção cinematográfica e visibilizam possibilidades conectadas com as realidades das pessoas negras, tanto as artistas e trabalhadoras do cinema quanto as espectadoras. Na segunda parte, adentrando o teatro e ocupando o palco, placas foram levantadas. Nelas nomes de artistas, realizadores, instituições e plataformas de resistência do povo preto no audiovisual. Na parte de trás dos cartazes a frase “Cultura sem Racismo”, campanha que teve seu início no IV Fórum Nacional de Performance Negra (Salvador/BA).

Desejamos com esta ação marcar território. Deixar evidente a discrepância da presença preta na cadeia de produção cinematográfica em relação a nossa existência no território nacional, no mundo. Nos propomos a refletir e ecoar questionamentos, apontar que o racismo é algo estrutural na nossa sociedade. Que nossa presença, existência, não deve ser ignorada.

Este foi mais um rolezinho. Virão outros.

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Coordenação:
Alexandre de Sena

Integrantes:
Alessandra Brito, Alexandre de Sena, Aline Vila Real, Ana Paula Freitas, Babú Pereira, Demétrio Alves, Eliezer Sampaio, Felipe Santiago, Felipe Soares, Jésus Almeida, Luana Gonçalves, Paulo Oliveira, Rafael Santos, Sabrina Rauta, Sammer Iêgo Lemos, Tásia d’Paula e Will Soares.

Registro:
Paulo Oliveira / PROfotografia